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23/12/2023 14h04 Atualizado 23/12/2023

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O Conselho Monet�rio Nacional (CMN) fixou um limite para os juros cobrados de d�vidas no cart�o de cr�dito, os mais altos do setor financeiro para pessoas f�sicas. A partir de agora, o juro no rotativo do cart�o n�o poder� ultrapassar 100% do valor principal da d�vida. A medida passa a valer para os d�bitos registrados a partir de janeiro de 2024.

Dessa forma, a d�vida total de quem atrasa a fatura do cart�o de cr�dito n�o poder� superar o dobro do d�bito original. Os juros do rotativo hoje ultrapassam 400% ao ano. Para especialistas, a medida pode ter impacto positivo, mas n�o h� garantia de redu��o no d�bito. A trava na oferta de cr�dito � tamb�m um risco. Veja a seguir as an�lises:

O que dizem os especialistas?

O teto de 100% do valor da d�vida para cobran�a de juros pode ajudar a reduzir a inadimpl�ncia, mas o efeito n�o � garantido. Al�m disso, a medida pode ter efeito negativo no m�dio prazo no mercado de cr�dito brasileiro.

� Qualquer medida que venha para regular o sistema banc�rio com taxa��o � um pouco arriscado porque os bancos podem acabar travando mais a oferta de cr�dito � ressalta Isabela Tavares, analista da Tend�ncias Consultoria.

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Para a economista, a redu��o dos juros do rotativo pode ajudar a queda do n�mero de inadimplentes, mas este recuo da taxa n�o seria natural por quest�es da taxa Selic, do cen�rio econ�mico ou por aspectos relacionados aos riscos de cr�dito do mercado brasileiro. Por isso, a medida inclui alguns riscos:

� A gente j� tem um cen�rio de que a inadimpl�ncia vai cair por conta da Selic e a expectativa de que as renegocia��es de d�vidas v�o bater no Desenrola. Isso agora pode ser um fator adicional. Mas pode ser prejudicial por travar a oferta de cr�dito e de cart�es, al�m de prejudicar pessoas que j� tenham maior risco. Ou seja, pode acabar tendo uma contrapartida para os bancos n�o sa�rem como perdedores.

Fernanda Melo, planejadora financeira CFP pela Planejar (Associa��o Brasileira de Planejamento Financeiro), avalia que n�o h� uma correla��o entre limite dos juros no rotativo e redu��o da inadimpl�ncia. Segundo ela, os dois principais fatores que impactam esse indicador s�o a infla��o e o desemprego.

� A gente precisaria ver resultados melhores nesses aspectos de emprego, aumento do custo de vida e poder de compra dos sal�rios para ver diferen�as inadimpl�ncia � explica.

Parcelado sem juros � tradi��o brasileira

No caso da discuss�o sobre a limita��o do parcelado sem juros, Fernanda lembra que essa modalidade tem a ver com o perfil brasileiro, que n�o necessariamente tem o dinheiro total para uma compra no momento, mas consegue garantir que ter� o dinheiro para pagamento ao longo do tempo. Ou seja, muitos conseguem pagar dentro do prazo e quitar a fatura sem juros.

Tendo em vista que este canal de consumo se tornou comum no pa�s, a medida do parcelamento sem juros tamb�m facilita o acesso do consumidor a determinados produtos banc�rios, lembra ela. Mas, caso seja revertida, pode ter um impacto positivo se levar a uma redu��o no custo do rotativo. Por outro lado, teria um efeito geral ruim sobre a economia:

� Podemos ver alguma redu��o na atividade econ�mica pelo fato das pessoas n�o terem condi��es de pagar o pre�o cheio. As pessoas podem acabar preferindo juntar o dinheiro para comprar sem juros e isso pode diminuir um pouco a atividade.

Juros de 400% ao ano

O rotativo � hoje a linha de cr�dito mais cara do mercado para pessoa f�sica. Essa modalidade � oferecida ao consumidor quando ele n�o paga o total da fatura do cart�o de cr�dito at� a data do vencimento mensal.

A partir dali o saldo devedor � acrescido de juros, e o total deve ser quitado na pr�xima fatura do cart�o. O risco � o consumidor n�o conseguir honrar as d�vidas no m�s seguinte e a fatura se tornar uma bola de neve, j� que os juros s�o muito elevados, apontam especialistas.

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De acordo com dados do Banco Central, a taxa m�dia de juros do cart�o de cr�dito rotativo para pessoas f�sicas est� em 14,94% ao m�s ou 431,58% ao ano.

O dado corresponde ao m�s de outubro deste ano, �ltimo divulgado pelo �rg�o, e aponta que desde meados de 2023 a taxa oscila em torno desse n�vel. Atualmente, a taxa b�sica de juros da economia brasileira, a Selic, estabelecida pelo Banco Central, est� em 11,75% ao ano.

A �ltima vez que a taxa m�dia dessa modalidade ficou acima do patamar de 400% foi entre os anos de 2023 e 2023, quando o pa�s enfrentava uma forte crise econ�mica.

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Em tese, com os juros atuais, uma pessoa que deixe de pagar uma fatura de cart�o de cr�dito de R$ 1 mil no dia do vencimento e passe um ano inteiro inadimplente vai chegar ao d�cimo segundo m�s com uma d�vida total de R$ 5.310.

Com o teto dos juros em 100% do valor original do d�bito, limitando a d�vida total ao dobro do que deixou de ser pago, essa divida ser� de R$ 2 mil.

No entanto, um dos motivos da resist�ncia dos bancos � medida � o fato de que, segundo as institui��es, a grande maioria dos consumidores n�o chega a completar um ano inadimplente para chegar a um juro anual t�o alto.

Segundo o Serasa, h� 71,8 milh�es de brasileiros hoje em situa��o de inadimpl�ncia, conforme apontam os dados de novembro. Desse total, 20,8 milh�es (ou 28,97%) possuem pend�ncias com bancos e cart�es � o segmento que mais concentra d�vidas atrasadas.

O CMN, que tomou a decis�o, � formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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Medida pode ter impacto positivo, mas n�o h� garantia de redu��o nos d�bitos. Trava na oferta de cr�dito � tamb�m um risco

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