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Por Mariana Garcia, ganhe bet

14/12/2023 13h08 Atualizado 14/12/2023

Maria Luiza Silveira desabafa sobre v�cio em rem�dio �

: Reprodu��o/YouTube

O rem�dio Venvanse, que levou ao v�cio a modelo Maria Luiza Silveira, mulher do ator Paulo Vilhena, oferece s�rios riscos � sa�de, como problemas neurol�gicos e card�acos, se n�o for tomado conforme a prescri��o m�dica.

Indicado para tratar transtorno de d�ficit de aten��o com hiperatividade (TDAH) e compuls�o alimentar, � usado muitas vezes como um estimulante por quem quer ter mais disposi��o e energia - mesmo por quem n�o tem esse diagn�stico.

Foi o caso da modelo, que fez o desabafo no podcast "Take Your Shoes Off" sobre o v�cio. Na entrevista, ela conta que foram seis anos de depend�ncia, dos 20 aos 26 anos de idade.

"Eu falava com muito orgulho [que tomava]. � a melhor coisa do mundo. Eu amava. � bom, mas tem um pre�o. E o pre�o � alto demais", disse. "Se eu n�o tivesse parado, acho que teria morrido. Estava tomando uma dose que acelerava e desacelerava o cora��o. Eu ia ter uma parada card�aca", contou.

Tudo come�ou quando ela teve que conciliar a faculdade de direito com o est�gio. "Eu me vi numa situa��o em que precisava de alguma coisa para dar disposi��o. � uma p�lula que voc� fica com disposi��o fora do normal. � m�gica, mas tem seu pre�o".

Luli, como ela gosta de ser chamada, disse que o medicamento a transformava em "mulher-maravilha, muito mais soci�vel, mais humana, quase com superpoderes".

?? E o Venvanse (lisdexamfetamina) tem realmente esse "poder". O medicamento, derivado da anfetamina, � um estimulante do sistema nervoso central e psicoestimulante.

"A mol�cula aumenta muito a dopamina, que � um neurotransmissor ligado ao bem-estar e recompensa. Ela atua diretamente na sensa��o de recompensa, trazendo bastante vigor, disposi��o e energia", explica a psiquiatra Anny de Mattos Barroso Maciel, especialista em transtornos alimentares pela USP e terapeuta interpessoal pela Unifesp.

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Refer�ncia em neuroci�ncia, neuropsicologia e em terapia cognitivo-comportamental, a psiquiatra Nina Ferreira ressalta que a lisdexamfetamina faz com que aumente a disponibilidade dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina no c�rebro.

Uso do Venvanse

A psiquiatra Anny Maciel alerta que o Venvanse n�o costuma ser a primeira op��o de tratamento para tratar d�ficit de aten��o justamente por ser muito potente.

"Come�amos com medica��es de menos pot�ncia, como o metilfenidato (ritalina). Vamos da menos potente at� a mais potente. Al�m disso, tamb�m damos 'feriado' da medica��o. Ou seja, quando o paciente n�o � muito cobrado, quando n�o tem per�odo de provas, por exemplo, ele n�o precisa usar", completa a psiquiatra.

Tamb�m � preciso ficar atento �s contraindica��es, como:

Paciente com hist�rico de hipertens�o recente, crise hipertensiva;Paciente com doen�a com aterosclerose, com endurecimento das art�rias;Paciente que tem sensibilidade � mol�cula;Paciente com hist�rias de abuso de subst�ncias;Paciente com hist�rico de depress�o grave; eAltera��es na tireoide, como hipertireoidismo.

"Ela n�o � uma mol�cula inofensiva. Ela melhora muito o desempenho, a resposta cognitiva e at� sintomas de ansiedade secund�rios. Quando o paciente tem indica��o, realmente melhora a hiperatividade. Mas essa medica��o deve ser usada sempre com acompanhamento m�dico", alerta Anny Maciel.

Venvanse � indicado para tratar transtorno de d�ficit de aten��o com hiperatividade (TDAH) �

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E quem usa sem indica��o?

Os riscos v�o depender muito de cada organismo e da predisposi��o de cada pessoa, segundo Nina Ferreira.

"Como qualquer medica��o, o uso sem indica��o traz uma s�rie de riscos. Pode causar aumento de press�o arterial, disfun��o do ritmo card�aco e les�o cerebral porque pode exceder o tanto de neurotransmissor necess�rio no c�rebro, risco de depend�ncia da medica��o. Esses s�o os riscos mais comuns, mas vai depender de cada pessoa", alerta a psiquiatra.

?? E o risco de morte � real, adverte. "� uma medica��o que tomada em excesso ou sem indica��o, sem uma avalia��o m�dica, sem monitoriza��o dos exames, pode sim colocar a vida da pessoa em risco. Sem contar as les�es no c�rebro, no organismo como um todo".

?? A psiquiatra lembra que o medicamento � excelente e seguro, quando bem indicado.

Risco de depend�ncia

No bate-papo, Luli contou todo o processo para se livrar da depend�ncia do Venvanse.

"� muito dif�cil sair da droga. Minha m�e teve que parar de trabalhar para ficar comigo em casa. Voc� n�o sabe mais quem � voc�. O per�odo de abstin�ncia foi a fase mais dif�cil da minha vida. Fiquei internada uma semana e depois fiquei em uma interna��o domiciliar. O rem�dio foi tirado do dia para a noite porque n�o tinha como ir diminuindo, eu estava num n�vel que n�o dava. Fiquei seis meses sem conseguir sair de casa".

As psiquiatras ouvidas pelo ganhe bet alertam que o medicamento pode causar depend�ncia qu�mica. Por isso, o acompanhamento m�dico � EXTREMAMENTE necess�rio.

Christiane Ribeiro, psiquiatra e membro da Comiss�o de Estudos e Pesquisa em Sa�de Mental da Mulher da Associa��o Brasileira de Psiquiatria (ABP), explica que o Venvanse acaba criando uma toler�ncia, que faz com que a pessoa precise de doses cada vez maiores para ter o mesmo efeito.

"A gente sabe que as doses mais altas de anfetaminas podem agir levando a um quadro de rabdomi�lise (uma quebra do nosso m�sculo), pode levar a hepatite. Pode levar inclusive a diminui��o da mem�ria, da aten��o - um efeito contr�rio ao que a pessoa quer. Al�m disso, pode levar a sintomas de abstin�ncia, a pessoa passa a ter sonol�ncia excessiva se ela n�o usa a medica��o", diz.

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A modelo contou que aumentava a dosagem do medicamento por conta pr�pria e chegou a tomar 150 mg de Venvanse (o normal gira em torno de 30 mg a 70 mg).

"Esse aumento pode levar a uma sobrecarga card�aca. Pacientes que j� tenham quadro de press�o alta n�o podem nem pensar em utilizar esse medicamento, porque ele aumenta os batimentos, aumenta a press�o arterial. Quem abusa dessas drogas tamb�m pode ter problemas cardiovasculares", completa Christiane Ribeiro, que � Mestre em Medicina Molecular pela UFMG.

Diagn�stico de TDAH nas redes sociais

Se voc� costuma usar as redes sociais, talvez j� tenha sido impactado com alguma frase-diagn�stico de TDAH. "Toda crian�a que n�o para quieta tem TDAH� ou �as pessoas com TDAH s�o mais competitivas� s�o alguns dos diagn�sticos feitos por internautas.

Em junho, o ganhe bet alertou sobre os riscos de autodiagnosticar pela internet. Segundo os especialistas, se voc� se guiar s� pelas redes sociais, � capaz de concluir que tem o dist�rbio � e correr o risco de se automedicar, ficar mais ansioso ou acreditar em tratamentos ineficazes.

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